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Luana Bayô lança disco Abebé e faz show no Sesc Pompeia no Mês da Consciência Negra

Vencedora do Prêmio Profissionais da Música 2023 como Melhor Cantora de Samba, Luana apresenta trabalho regado pelo feminino e por sonoridades afrodiaspóricas.

Por Revista Papagaio em 06/11/2024 às 18:33:26

No dia 8 de novembro de 2024, a cantora e compositora paulistana Luana Bayô lança seu terceiro disco, Abebé, nas plataformas de música. O álbum foi gravado ao vivo com arranjos e direção musical de Liw Ferreira, durante show da artista no Festival Malungo, realizado pela Pôr do Som.

O show de lançamento acontece na Comedoria do Sesc Pompeia, em São Paulo, no dia 21 de novembro, quinta-feira, às 21h30, dentro do projeto Prata da Casa, com ingressos gratuitos. A banda que acompanha Luana Bayô é formada por músicos que também tocam no disco - Liw Ferreira (baixo e bandolim), Helô Ferreira (violão), Nichollas Maia (piano), Matheus Marinho (bateria), Lucas Alakofá e Simone Gonçalves, (percussões), à exceção de Valber Oliveira (trombone). O show tem direção cênica e de palco de Rubens Oliveira.

Com nove faixas, o álbum traduz a força e beleza da artista, e conduz o ouvinte a uma conexão com a África e toda sua influência na música popular brasileira, refletindo a ancestralidade e a espiritualidade das culturas negras. Inspirada nas simbologias de Oxum e Yemanjá, Luana dedica sua obra à força do feminino, das Águas e das Yabás, mulheres de liderança no panteão da cultura afro-brasileira.

O novo trabalho de Luana Bayô, dona de uma voz grave e potente, ao mesmo tempo em que possui timbre aveludado e singular, tem como tema central o "espelho" e seus reflexos. Segundo a cantora, "Abebé (espelho de oxum) mergulha no feminino com músicas que falam das diversas águas que nos habitam e das várias facetas de ser mulher, sobretudo, de ser uma mulher negra". Para compor esse meandros de reflexos e reflexões a intérprete selecionou um repertório que contempla, em sua maioria, compositores paulistas contemporâneos. No contexto geral, Abebé traz temas que envolvem uma mulher múltipla. "São canções que me revelam, que trouxeram olhares para minhas diversas nuances como mulher, passando pela minha ancestralidade, naturalmente", revela.

As faixas de Abebé

Luana Bayô escolheu "Cantos para Exu e Bombogira" (D.P.) para abrir o disco, como se pedisse licença aos ancestrais para comunicar sua arte, sua música, seu canto. Sua voz impacta ao entrar à capela como se harmonizasse o "ambiente", antes do batuque africano que predomina na faixa. Tata Kamuanga e Makotas, integrantes do grupo Kyloatala, entoam esse cântico junto com Luana. Na segunda faixa, "O Sobrado de Mamãe É Debaixo D"água", uma delicada canção também de domínio público, Luana recita um trecho do poema Osun Hum Hum Hum, de Madevi. "Porto dos Desejos" (Matheus Crippa, Gabriel Muca e Abidu) chega reverenciando as águas do rio e do mar. A letra faz um laço entre as águas e seu elementos com a vontade de assumir os desejos.

A quarta composição - "Tem Dendê" (Nei Lopes e Reginaldo Bessa) - foi lançada em single, recentemente, e ganhou destaque no The Brazilian Channel como seleção da ABMI (Associação Brasileira de Música Independente). A canção leva Luana Bayô à Bahia, com seu tempero e remelexo. "A Bahia simboliza meu reencontro, o encontro com minha ancestralidade. Essa canção, em sua simplicidade, traduz a leveza de saber quem somos", comenta a cantora. "Mourão que Não Cai" (Douglas Germano) é um samba que já faz parte dos show de Luana; trata da temática do disco usando a metáfora do mourão como a viga que nos mantém de pé. A música ganhou arranjo de samba-jazz com destaque para repique de mão e cuíca. "Vento Norte" (Luana Bayô e Bruna Black) é a única composição autoral do álbum, na qual Luana divide os vocais com Bruna Black. A canção fala sobre se redescobrir, sobre o recomeço quando um romance termina.

A sétima faixa é "Desatadora de Nós" (Jonathan Silva), uma cadenciada reverência às avós que entram na roda para dançar ao ritmo do tambú, já anunciando o início da despedida de Luana nessa viagem sonora. "Antes de Salvar o Mundo" (Mariana Per e Carmen Faustino) traz uma sonoridade jazzística para adornar o "decreto" desta canção, segundo a intérprete: "antes de salvar o mundo as mulheres negras precisam salvar a si próprias". Luana escolheu o coco de roda "Água Quando Cai do Céu" (Naruna Costa) para fechar o roteiro de Abebé, um festejo sobre a terra e sobre a água, e um alerta sobre como vemos o mundo e como ele realmente é. "Naruna Costa, a autora, é cofundadora do Clarianas, grupo que me ensinou muito sobre a música afro-indígena. Ela foi minha mestra, apresentou-me o universo da música em um outro lugar. Esta canção representa ou pouco disso", declara Luana Bayô.

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Eduardo Ribeiro